O beijo de Francesco Hayez
Um dos símbolos da Pinacoteca de Brera em Milão é a obra O beijo (Il bacio) de Francesco Hayez pintado em 1859.
A tela é pequena (112 x 88 cm), mas ilustra com emoção o intenso e apaixonado beijo de um jovem casal de namorados vestidos com trajes medievais.
A ambientação reduz-se a um fundo arquitetônico que mostra um muro de pedra com uma passagem à esquerda e alguns degraus à direita. A sombra do casal projetada no pavimento aliada àquela fugaz da passagem no fundo dão um toque enigmático à cena, uma possível partida clandestina, tendo em vista também o pé do rapaz apoiado no primeiro degrau.
Além do beijo apaixonado dos namorados, destacam-se as cores da bandeira da Itália e da França – vermelho e verde do homem e azul e branco da mulher -, que fazem alusão a um evento político de fundamental importância no processo de unificação da Itália: o pacto de Plombières, aliança feita entre a França e o Reino da Sardenha em 1858 com o objetivo de libertar a Itália do domínio austríaco.
A duplicidade do amor, pela pessoa e pela pátria, é a chave de leitura da obra de Hayez, que devido à grande notoriedade obtida no decorrer dos anos, acabou perdendo o significado político e ganhando uma interpretação apenas romântica.
Hayez pintou três versões de O Beijo, a primeira em 1858, com a mulher vestida de azul e branco e o homem de vermelho e verde, a segunda em 1861, com a mulher vestida de branco e o homem de vermelho e verde; e a terceira para a Exposição de Paris em 1867, com os tons de verde, vermelho e azul mais vivos e com um pano branco caído no chão.
O artista: Francesco Hayez nasceu em Veneza em 1791. Estudou na academia de Belas Artes de Veneza e terminou sua formação no estúdio do Antonio Canova em Roma.
Durante muitos anos, foi professor da Pinacoteca de Brera de Milão, onde estabeleceu-se como retratista e maturou o estilo histórico na elaboração de cenas de mitos e da narração literária como metáfora da situação política contemporânea.
Suas principais obras são Rinaldo e Armida (1813), Atleta trionfante (1816), I profughi di Parga (1826-1831), o retrato de Alessandro Manzoni (1841) e Il bacio (1859).
Hayez morreu no dia 12 de fevereiro de 1882 em Milão.
2 Responses
[…] sala 24. Cena in Emmaus – Caravaggio – sala 29. Fiumana – Pellizza da Volpedo – sala 37. O beijo – Hayez – sala 37. Horário de funcionamento: de terça a domingo das 8:30 min. às 19:15 minutos. […]
[…] duplicidade do amor, pela pessoa e pela pátria, subtendida na obra é a chave de leitura da obra de Hayez, que devido à grande notoriedade obtida no decorrer dos anos, acabou perdendo o significado […]