Turismo em Nápoles: do lixo ao trânsito
Se você está programando uma viagem a Nápoles baseando-se nos modelos de cidades europeias limpas, organizadas e com trânsito funcional, é melhor ler este artigo.
A cidade, cercada de paisagens deslumbrantes, foge completamente dos padrões ideais europeus.
Em Nápoles imperam o caos, as igrejas e os santos, mas a simpatia local, o clima agradável, a boa comida e o cenário único fazem a viagem valer a pena.
O trânsito
O trânsito em Nápoles é caótico, grande parte das ruas está em condições ruins e o código de trânsito napolitano tem outras regras (não escritas e contrárias à lei), que só funcionam ali.
Por exemplo: não existe nenhuma rua de sentido único, que seja verdadeiramente único, digamos que o sentido único em Nápoles é um sentido único alternado. E ninguém reclama, buzina ou xinga quando você anda na contramão, muito pelo contrário, eles te ajudam! Todos os napolitanos fazem o mesmo e estão sempre à espera de que isso aconteça.
Assim como as ruas de sentido único, as cores dos semáforos também têm vida própria, elas não são vistas como comandos, mas como conselhos: o sinal vermelho parece ter tons tácitos, ou seja, em vias de trânsito rápido, funciona como vermelho, os carros sempre param; em ruas com pouco movimento, funciona como amarelo, se não vem carro no outro sentido, é permitido passar; em ruas sem movimento nenhum, funciona como verde, ninguém para.
O sinal verde? Os napolitanos não confiam, nunca passam no sinal verde correndo, são sempre prudentes.
E o pedestre? O pedestre tem sempre preferência no trânsito, certo? Errado, se você acha que é só colocar o pé na faixa para os carros pararem, está redondamente enganado, nem os carros da polícia respeitam a faixa de pedestre.
Outra particularidade das regras de trânsito napolitanas são as rotatórias, ninguém respeita a preferencial, é uma bagunça completa, vence o mais corajoso.
O que fazer numa via de mão dupla que só cabe um veículo? Não se preocupar e circular tranquilamente, se aparecer um carro na outra direção, dá-se um jeito, à napolitana, e sem estresse.
Os varais
As roupas penduradas para secar nos prédios e nas ruas fazem parte do cenário de Nápoles. Não há regras de condomínio acerca dos varais, assim como não há limites quantitativos ou delimitativos: a ideia de liberdade permanece com apenas uma ressalva, a de não poder colocar varais nas vagas dos carros porque é ocupação de espaço público, no entanto, o intercâmbio entre o espaço público e o privado prevalece nas calçadas.
As igrejas
É fato que a Itália é o país das igrejas, a quantidade de igrejas existentes em território italiano é impressionante, mas Nápoles parece ter ainda mais igrejas do que as outras cidades italianas. Só no centro histórico há cerca de 200 igrejas.
A simpatia
Pena que a maior parte dos brasileiros que viaja para Nápoles não fale italiano. Os napolitanos são extremamente simpáticos, divertidos e receptivos. E assim como nós brasileiros adoram puxar conversa, falam pelos cotovelos, ou melhor, pelas mãos e no volume máximo.
Não é mito, os napolitanos falam muito alto e gesticulam o tempo todo.
Os santos
O santo padroeiro oficial de Nápoles é San Gennaro, mas a lista de santos protetores da cidade engloba mais de 50 nomes com direito a estátuas, capelas, pinturas e santuários em todos os cantos.
Até os integrantes da camorra, a máfia napolitana, são devotos de um santo, afinal, o comportamento dos mafiosos napolitanos é baseado nas leis divinas. Os santinhos, as estátuas e as imagens do Padre Pio estão sempre presentes nas celas, casas ou carteiras dos integrantes da camorra.
Como bem disse Roberto Saviano, jornalista e autor do livro Gomorra, o chefe da máfia realmente acredita que as suas ações são comparáveis ao calvário de Cristo, visto que ele assume a dor e a culpa do pecado em nome do bem-estar dos homens que comanda. Se a vítima colocar em risco a segurança, a paz e a tranquilidade da família, com certeza ele será perdoado por Deus pelo assassinato justo e necessário.

Padre Pio – Foto: lafedequotidiana.it
O lixo
As últimas crises do lixo em Nápoles ocorreram em 2007, 2008 e 2011 e os números, assim como as fotos, são impressionantes:
- no dia 21 de maio de 2007, foram despejados mais de 2.700 toneladas de lixo pela cidade;
- no dia 14 de janeiro de 2008, a cidade amanheceu tomada por mais de 7.000 toneladas de lixo;
- na noite do dia 8 de maio de 2011, Nápoles foi invadida por cerca de 4.100 toneladas de lixo.

Foto: eunews.it
O problema do lixo em Nápoles é complexo. Envolve máfia, política, corrupção, gestão ineficaz e a falta de novos aterros sanitários. Embora a questão esteja longe de uma solução definitiva, a situação já melhorou bastante com a recolha diferenciada e a construção de novos aterros sanitários, ou seja, você não encontrará montanhas de lixo espalhadas pela cidade, mas papel no chão e bituca de cigarro sim, aí já é uma questão de conscientização e de educação das pessoas, problema que atinge o mundo todo.
E com relação a segurança? Meu voo chega em Nápoles dia 30/05 às 21h10 e eu estava pensando em ir de ônibus até o hotel (que fica próximo ao porto), é arriscado?
Boa noite Andrea, não se preocupe, pode ir de ônibus, Nápoles é uma cidade segura. Assim como em Milão, basta ficar atenta à bolsa nos transportes públicos 😉
http://www.oguiademilao.com/milao-e-uma-cidade-perigosa/
Abraço,
Muito obrigada Simone! Seu site é maravilhoso =)
De nada, Andrea. Obrigada você por me acompanhar 🙂
Boa viagem pra vocês.