Gravidez na Itália
Antes de fazer o teste de farmácia, eu já sabia que estava grávida.
Antes de saber o sexo do bebê, eu já sabia que era o Pedro. Estávamos esperando, ansiosamente, por ele.
O Carmine estava viajando quando eu fiz o teste de gravidez em casa. Assim que ele voltou de viagem, fomos ao hospital para saber o que deveríamos fazer.
O primeiro passo foi ir ao nosso médico de família pedir um formulário para fazer a primeira ultrassonografia.
Primeira pergunta: quem é o nosso médico de família?
Como nunca havíamos precisado de um, não sabíamos quem ele era.
O médico de família é um clínico geral que atende perto da onde você mora. O nosso ficava a menos de um quilômetro de casa. A par da suposta gravidez, ele nos deu o formulário para fazer a ultrassonografia.
Voltamos ao hospital que havíamos escolhido para fazer o acompanhamento da gravidez e o parto com o formulário em mãos, mas descobrimos que as ultrassonografias obrigatórias (primeiro, segundo e terceiro trimestre) deveriam ser marcadas com muita antecedência, para ser mais precisa, antes mesmo de engravidar.
Felizmente, isso não é um problema em Milão, no hospital que escolhemos não havia datas disponíveis, mas podíamos fazer em qualquer outro hospital da cidade.
Fomos fazer a ultrassonografia na semana seguinte, o resultado: É um e está vivo, querem ouvir o coraçãozinho dele?
Claro que sim! E ouvimos o coraçãozinho do Pedro juntos com os olhos cheios de lágrimas.
A partir dali, começaram os exames de sangue e de urina e a rotina do pré-natal.
A primeira consulta, com o resultado da ultrassonografia e do primeiro exame de sangue e de urina, foi para me orientar acerca da alimentação, para dar uma previsão da data do parto e para controlar o meu peso e a minha pressão.
A médica era muito profissional e objetiva. Não estava ali para ficar batendo papo ou tirando muitas dúvidas, o trabalho dela era fazer o acompanhamento da gravidez de modo rápido e eficiente.
Depois dessa primeira consulta num hospital público, fui a uma clínica privada para ter um tratamento mais exclusivo, e descobri que o atendimento no público e no privado eram praticamente o mesmo.
Mesmo tendo plano de saúde, eu optei por fazer todo o pré-natal e o parto pelo sistema público. Sinceramente, não vi diferença nenhuma entre o sistema de saúde italiano público e privado.
As consultas e os exames de sangue e de urina foram feitos mensalmente. Não se paga nada pelas consultas e pelas três ecografias obrigatórias. Os exames de sangue custaram menos de 10 euros cada.
Para mulheres com mais de 35 anos, também são gratuitos (mas não obrigatórios) os exames da biópsia do vilo corial ou a amniocentese.
A biópsia do vilo corial é feita entre a décima e a décima terceira semana de gravidez e caso o feto apresente alguma anomalia cromossômica ou genética, a mãe pode optar pelo aborto.
Pontos fortes do sistema público de saúde em Milão: os médicos são objetivos e profissionais, as estruturas são organizadas, têm sempre disponibilidade e estão em boas condições de funcionamento.
Pontos fracos do sistema público de saúde em Milão: o pré-natal é feito pelo médico de turno, às vezes é o mesmo que já te atendeu, outras vezes não. Na verdade, não seria um ponto fraco, se eles assumissem algum tipo de responsabilidade, como por exemplo receitar um remédio para dor de cabeça, mas eles sempre se omitem.
Por sorte, o único incômodo que eu tive durante a gravidez foi dor de cabeça (no primeiro trimestre), e todas as vezes em que eu fui ao médico, quando ele me perguntava como eu estava e etecetera, eu falava sobre as dores de cabeça e, em duas ocasiões diversas, perguntei que remédio tomar, o médico não era o mesmo, mas nas duas vezes as respostas foram as mesmas: Você deve perguntar para o seu ginecologista de confiança.
Como assim? Meu ginecologista de confiança é você! É você quem está acompanhando a minha gravidez!
Resumindo, não tomei nenhum remédio durante a gravidez.
Os médicos são profissionais, mas você é só um número. A gravidez é única e especial para você, não para eles. Os médicos não estão lá para perder tempo, se você estiver a fim de tirar dúvidas comuns ou de conversar, ligue pra tua mãe ou pra tuas amigas, esqueça o ginecologista de plantão.
As consultas são feitas com horário marcado, mas às vezes atrasam.
Você corre o risco de pegar um médico que pode te levar à beira de um ataque de nervos!
Eu sou extremamente calma, minha gravidez foi muito tranquila, mas as duas últimas ultrassonografias que eu fiz, quase me enlouqueceram. A médica virava o monitor para ela e a cada órgão que ela examinava e tirava as medidas, abanava a cabeça em sinal negativo. Após o terceiro sinal de negação, eu estava apavorada. Quando ela terminou, perguntei se o Pedro era saudável, se estava tudo bem e ela me disse que não dava para dizer se o bebê era saudável, mas apenas que tinha todos os órgãos no tamanho e funcionamento previstos.
O parto: eu sempre tive muito medo do parto, aliás, tenho pavor de pontos, fraturas, sangue. Nunca quebrei nada, nunca levei pontos e todas as vezes que tiro sangue, olho para o lado contrário.
Quando eu fui ao meu médico de família no começo da gravidez, ele me perguntou que tipo de parto eu faria e, sem pensar, ou melhor, depois de ter pensado por toda uma vida, eu disse: cesariano, claro!
E ele me respondeu: Por que você vai fazer uma cirurgia para ter um filho?
A palavra cirurgia me arrepiou até a sola do pé e mesmo morrendo de medo, decidi, naquele momento, que o parto seria normal e foi! Mas isso já é uma outra história.
O Pedro nasceu no dia 20 de novembro de 2016 à meia-noite e cinquenta.
Olá, tudo bem? Gosto muito do seus post poderia por gentileza me tirar uma dúvida. Moro em Milão tem 1 ano, tenho permesso e tessera. Meu marido tem contrato de trabalho.
Gostaria de saber se é obrigado ter cidadania italiana para meu bebê nascer em Milão ou posso ficar despreocupada sobre isso?
Olá, Marcela,
não, se você tem o permesso di soggiorno e a tessera sanitaria pode fazer o pré-natal e o parto nos hospitais públicos gratuitamente.
Muita saúde e felicidades para vocês.Auguri!
Abraço,
Simone
Olá!
Estou pensando em me mudar para a Itália (eu, meu marido e filha moramos em Londres há alguns bons anos). Queremos ter outro filho, mas fico insegura de tê-lo na Itália, pois não falo italiano.
Seria possível passar pelo pré-natal e parto sem falar a língua?
Muito obrigada
Olá Luíza,
eu tive momentos bem difíceis na hora do parto no hospital, o que me salvou, foi falar o italiano fluentemente.
Eu não teria um filho aqui sem dominar o idioma.
Já para o pré-natal, é indiferente. É só um acompanhamento, você falar ou não o italiano, não muda nada.
Abraço,
Oi Simone. Gostaria de compartilhar com vc minha história. Qual o seu e-mail?
Olá Keyla,
oguiademilao@gmail.com
Abraço,
Olá Simoni, o prazo do exame de sangue para descoberta do sexo do bb é o mesmo do Brasil? é feito pelo sistema público? existe secagem fetal ai na Italia? e medicação como ácido fólico eles fornecem?
Olá Caroline,
não sei os prazos daqui, mas eu descobri o sexo do Pedro no terceiro mês de gravidez.
Acredito que exista a sexagem fetal, provavelmente deve ser paga.
Não, o ácido fólico é você que deve comprar.
Nossa, me vi em cada ponto do atendimento médico. Sai aos prantos da ecografia da translucencia nucale que fiz no primeiro trimestre. A médica foi grossa, estava com pressa, só me disse que tinha sim chances de ter problemas e que eu deveria fazer o dna fetal para afastar qualquer risco.
Meu marido não pode ir comigo nesse dia. Eu saí do hospital tremendo e chorando, liguei para o marido DESESPERADA já procurando o preço do tal dna fetal. Quando me acalmei e fui ler o resultado do exame, vi que as chances de síndrome eram de menos de 1%, as mesmas chances do resultado da minha primeira filha. Respirei aliviada. Não fiz dna fetal nenhum, mesmo porque já não daria tempo de abortar caso necessitasse. Achei que a médica foi mais do que objetiva, faltou humanidade. Os médicos homens que me atenderam foram todos infinitamente mais empáticos do que as mulheres. E detalhe: eles não tem útero!
Enfim, estou no final do último trimestre e rezo para que meu plantonista seja um homem. Estou em Milão também. Um beijo para vc e para o Pedro.
Infelizmente, não fui atendida por nenhum médico homem, só um enfermeiro, um pouco antes do parto e depois do parto.
Sem dúvida nenhuma, eles são muito mais humanos.
Fiquem bem 🙂
Um beijo pra vocês,
Oi Simone! Adorei seu relato, obrigada pelas informações.
Sabe dizer caso a mãe queira pagar pelo parto cesariana na Itália, uma média de valor?
Olá Ana, de nada 🙂
Depende do hospital que você escolher. Acredito que os preços vão dos 5.000 aos 15.000 euros.
Abraço,
Boa noite Simone, estou grávida de 24 semanas.. quando descobri que estava gravida, meu marido ja havia comprado as passagens pra irmos pra Itália e ele fazer a cidadania, planejavamos ter um bebe assim que a cidadania dele estivesse pronta! Com tudo pronto para a viagem, descobrimos com 21 semanas que eu estou grávida.. comecei o pre natal e minha médica me apoiou e disse que eu devo sim ir pra Itália e ter nossa filha ai, estamos fazendo todos os exames possíveis para quando eu chegar ai só prosseguir com o pre natal!
Ja pesquisei muito, e pelo fato do meu marido ser cidadão sei que sera tranquilo.. mas a minha preocupação ainda, é como proceder, onde ir e como fazer pra continuar meu pré natal? Qual hospital escolher?
Você pode me dar um auxílio pra me deixar mais tranquila?
Meu marido ira antes que eu, se nós nao tivéssemos tudo programado e certo pra nossa mudança eu teria a bebe aqui no Brasil com certeza. Mas não quero te-la longe do pai, acredito qur você me entenda hehe
E meus sogros tbm estarão conosco, eles estão morando na Inglaterra atualmente.
Aguardo seu retorno, se puder ser por email fico grata Bertaeliatriz@gmail.com
Obrigada
Olá Berta, você deverá ir ao hospital mais próximo da sua casa para fazer o pré-natal.
O primeiro passo, é tirar a carteira de identidade, o número do contribuinte e a carteira de saúde. Depois, alugar uma casa.
Com os documentos em mãos, é só escolher um hospital que fique próximo a onde você mora.
Aqui na Itália, os hospitais públicos só fazem parto normal. A cesárea só é feita quando necessária 😉
Parabéns pelo bebê e tudo de bom pra vocês.
Olá Simone! Muito interessante e esclarecedor o seu post sobre gravidez e suas fases na Itália.
Queria muito tirar algumas dúvidas específicas sobre gravidez e parto em Milão, pois estarei aí em setembro.
Tem algum e-mail para que eu possa escrever?
Obrigada
Beijos
Olá Lívian, o email é oguiademilao@gmail.com
Abraço,
Olá Simone,
Fico feliz que você e sua família esteja crescendo e que o pequeno Pedro tenha vindo ao mundo tão assistido e amado. Realidade completamente diferente daqui, o cuidado e compromisso com a vinda de uma criança e o planejamento do estado para tal. Caso tenha tempo ou interesse, poderia fazer um artigo com suas impressões e opiniões sobre a imigração ilegal em massa que aporta na Itália diariamente? Saúde e sucesso!
Olá Phillipe, é verdade, no Brasil, tanto o planejamento, quanto o acompanhamento da gravidez, infelizmente, deixam muito a desejar. É uma triste realidade.
Tenho interesse sim 🙂 É só uma questão de tempo.
Muito obrigada.
Saúde e sucesso pra você também.
Abraço,