A mamma italiana
A Itália não é feita só de história, de arte, de moda, de papa, de igreja, de máfia, de espaguete, de pizza, de Ferrari e de Berlusconi, a Itália é, sobretudo, um país de mamme: de filhos e de mães.
A primeira coisa que um diretor de uma multinacional faz quando chega ao quarto do hotel, ou um aluno que deixa a sala de aula depois de uma prova difícil, ou um jogador que sai do estádio após uma partida, ou um mafioso que volta a casa depois de cometer um crime, é ligar para a mamma, independentemente da idade, da classe social e do estado civil.
O atual treinador do Leicester City, Claudio Ranieri, na manhã do jogo decisivo entre Chelsea e Tottenham, que poderia garantir ao Leicester a primeira vitória no Premier League em 132 anos de história (caso o Chelsea ganhasse a partida), não confirmou a presença na provável comemoração da equipe (e provavelmente estará no avião na hora do jogo) porque estava a caminho de Roma para almoçar com a mamma.
Sabe aquela história que mãe é tudo igual, que só muda de endereço? Não é bem assim, a mãe italiana é diferente.
Aquelas cenas muito comuns de submissão e respeito as mães nos filmes de gângsteres, é realidade na Itália.
A mamma é o pilar da sociedade italiana e, a partir do momento em que a mulher se torna mãe, assume esse papel e participa ativamente da vida do filho, dando conselhos, palpites e todo o tipo de suporte, pra sempre. Essa ocupação de mãe em tempo integral, extremamente protetiva e totalitária, é desenvolvida sem nenhum limite, deixando pouquíssimo espaço para outras figuras afetivas importantes como é o caso dos pais.
Mães levando guarda-chuvas ou casacos para os filhos quarentões (ou cinquentões) nos corredores dos prédios e dando a última palavra na compra de um imóvel em que o filho irá morar com a futura esposa fazem parte da vida cotidiana na Itália.
Os filhos da tradicional mamma italiana, principalmente os do sexo masculino, são educados a não tirar um prato da mesa, a não pregar um botão numa camisa e a não passar uma peça de roupa: a mamma é quem comanda tudo, a casa, a cozinha, os afazeres domésticos e a vida dos filhos, mesmo depois de uma jornada inteira de trabalho.
O que ela recebe em troca? Atenção em tempo integral, direito de veto em todas as decisões do filho e cartão verde para ligar quantas vezes quiser e a hora que quiser na casa da nova família do filho (quando ele, normalmente depois dos trinta, encontra uma mulher para tomar conta dele e da casa, com a supervisão e o aval da mamma), porque mesmo com trinta, quarenta ou cinquenta anos, ele sempre será o filhinho da mamãe e a palavra final sempre será a da mamma. E não se fala mais nisso.