A Capela Sistina de Milão: igreja San Maurizio
Sem dúvida nenhuma, o monumento mais imponente de Milão é o duomo. Não tem como ficar indiferente diante da majestosa catedral. A igreja San Maurizio é diferente, mas consegue provocar o mesmo fascínio que o duomo. A fachada da igreja é bem simples, mas o interior dela, coberto de afrescos, é simplesmente deslumbrante e, embora não seja sede da eleição do papa e não tenha afrescos assinados por pintores famosos como Michelangelo, faz jus ao título de capela Sistina de Milão.
Um pouco de história: a igreja de San Maurizio foi construída no centro de um dos mosteiros femininos mais antigos e prestigiados de Milão.
O edifício começou a ser edificado em 1503 e é composto de três partes: uma cripta, que hoje faz parte do percurso do museu arqueológico, uma sala pequena destinada aos fiéis e emoldurada por 8 capelas laterais e uma sala grande, que pertencia ao claustro onde só as freiras tinham acesso.
Durante as missas, que eram realizadas na sala pequena, o vidro que separava a sala dos fiéis do claustro era aberto para que as freiras pudessem participar. Elas recebiam a comunhão do padre através de uma pequena abertura na parede.
A capela da ressureição, com afrescos de Aurelio e Giovan Pietro Luini, filhos de Bernardino Luini, foi patrocinada pela condessa Bergamina, irmã de Gian Paolo Sforza, genro de Alessandro Bentivoglio, que não só financiou a construção da igreja, como também mandou quatro filhas para lá.
As capela de Santo Stefano e de San Giovanni Battista foram financiadas pelo marido de Ginevra Bentivoglio, filha de Alessandro Bentivoglio, que depois de viúva recolheu-se no mosteiro. No centro da capela de San Giovanni, a pintura do Batismo de Cristo tem influências de Leonardo da Vinci e Michelangelo.
As capelas da deposição e dell’Ecce Homo foram pintadas por Aurelio e Giovan Pietro Luini.
A segunda capela da deposição foi dedicada ao bispo Bernardino Simonetta e a capela de Santa Caterina abriga o último trabalho de Bernardino Luini na igreja.
Na capela de San Paolo nota-se a influência de Michelangelo nos afrescos do pintor genovês Ottavio Semino.
A igreja foi projetada para ser coberta de pinturas. Os afrescos foram feitos em três etapas: a primeira, influenciada pela decoração da Domus Aurea de Nero, teve início em 1510; a segunda, realizada alguns anos mais tarde, conta com as primeiras pinturas de Bernardino Luini e a terceira, ocorrida entre os anos de 1531 a 1578, engloba o último trabalho de Bernardino Luini na igreja, a construção do órgão na sala reservada ao convento e os belos afrescos de pintores não só de Milão, como também de Gênova, Veneza e Cremona, entre eles, o veneziano Simone Peterzano, mestre de Caravaggio, responsável pelo Retorno del figlio prodigo e pela Cacciata dei mercanti dal tempio.
Um pouco de lenda: entre os afrescos de Bernardino Luini na capela de Santa Caterina haveria um mistério não resolvido, o retrato de Bianca Maria Scapardone, também conhecida como condessa de Challant, femme fatale do Renascimento milanês.
A sedutora Bianca Maria casou-se em 1514, aos quinze anos, com o poderoso Ermes da dinastia Visconti, acusado de traição ao governo e decapitado cinco anos após o matrimônio.
A jovem rica e viúva foi acolhida pela família Bentivoglio e em 1522 esposou-se novamente com um dentre os tantos pretendentes, o conde Renato di Challant, que conseguiu conquistá-la, mas não habituá-la à vida solitária nos castelos alpinos longe da mundanidade milanesa.
Em 1524, Bianca Maria fugiu para a casa de uns parentes em Pavia e começou a viver uma vida livre e pouco honesta para os padrões da época. Depois de alguns amantes, vivenciou um romance com o conde de Masino até o ano de 1525, quando mudou-se para Casale e trocou o conde de Masino pelo de Caiazzo.
De volta a Milão, Bianca Maria sofreu as consequências das injúrias acerca do seu comportamento liberal e desenvolto feitas pelo conde abandonado e enciumado.
Assim que os boatos do conde Masino chegaram aos ouvidos da condessa, a jovem libertina tentou convencer o conde de Caiazzo a matá-lo. Diante da recusa do amante, Bianca Maria foi buscar consolo nos braços do jovem Pietro Cadorna, que aceitou de imediato o papel de vingador.
Ao saber do assassinato do conde de Masino, o conde de Caiazzo correu até a casa do duque de Bourbon e revelou as suas suspeitas. Pietro foi preso e denunciou o mandante do crime. A jovem condenada foi decapitada no dia 20 de outubro de 1526 na praça do castelo Sforzesco em Milão.
Horário de visita: de terça a domingo das 9:30 min. às 17:30 minutos.
Endereço: Corso Magenta, 15.
Metrô: linhas vermelha e verde, estação Cadorna.
5 Responses
[…] papa e não tenha afrescos assinados por pintores famosos como Michelangelo, faz jus ao título de capela Sistina de Milão.A Última ceia de Leonardo da […]
[…] papa e não tenha afrescos assinados por pintores famosos como Michelangelo, faz jus ao título de capela Sistina de Milão. Casa-museu Boschi di […]
[…] Estação Cadorna: castelo Sforzesco, museu Triennale Design, parque Sempione, igreja Santa Maria delle Grazie e A última ceia de Leonardo da Vinci e igreja San Maurizio al Monastero Maggiore. […]
[…] aqui. Uma igreja não muito conhecida e que, sem dúvida nenhuma, vale a pena uma visita, é a San Maurizio, a versão milanesa da capela Sistina, com entrada gratuita e sem filas. A igreja mais inusitada de […]
[…] papa e não tenha afrescos assinados por pintores famosos como Michelangelo, faz jus ao título de capela Sistina de Milão.A Última ceia de Leonardo da […]